Desafios da representatividade feminina em espaços de poder
Episódio recente no Congresso reforça necessidade de respeito e equidade no debate público
Recentemente, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, foi alvo de interrupções e manifestações desrespeitosas durante uma reunião da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados. Embora divergências políticas façam parte da democracia, o episódio reacendeu uma discussão urgente: o respeito à mulher em espaços de poder ainda precisa ser reafirmado todos os dias.
Marina Silva não é apenas uma liderança reconhecida internacionalmente na pauta ambiental. É também uma mulher negra, de origem humilde, que construiu uma trajetória marcada por superação e serviço público. Já foi senadora, ministra em diferentes governos e candidata à Presidência da República em três eleições. Quando o desrespeito se impõe sobre esse currículo, não é apenas a pessoa Marina Silva que é atingida — é todo o simbolismo do protagonismo feminino que sofre um ataque.
Infelizmente, situações como essa não são pontuais. Mulheres que ocupam cargos de destaque ainda enfrentam obstáculos que vão além do debate técnico ou político. Interrupções constantes, tom de voz desmedido, insinuações sobre competência: são expressões sutis e explícitas de um machismo estrutural que atravessa instituições.
A presença de mulheres nos ministérios ainda é pequena, embora venha crescendo. No governo atual, 11 das 38 pastas são comandadas por mulheres — um número recorde no país, embora ainda distante da paridade. No governo anterior, apenas duas ministras ocuparam cargos com status de ministério. No segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff, o número também ficou abaixo de dez. Esses dados revelam que há avanços, mas que o caminho para a equidade de gênero nos espaços de decisão ainda é longo.
A seção Observadoras reafirma que a crítica política deve ser firme, mas nunca desrespeitosa. O Brasil precisa de mais mulheres em posições de liderança e de um ambiente institucional no qual elas sejam ouvidas com seriedade, independente de suas posições ideológicas.
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